Ave apareceu em prédio do Centro, mas não foi resgatada a tempo pela SMAM de Canoas
Teve final triste a história da coruja. Em pleno 7ºandar de um prédio, no Centro, o animal apareceu e resolveu piar na sacada. E mover a cabeça de um lado para outro, com aquele olhar atento. A empregada Rita se assustou com o que viu, em plena segunda-feira. Colocou luvas, pegou uma toalha e recolheu a ave. Pediu ajuda ao vigilante Carlos Alberto Pereira e ao zelador Edson Oliveira. A coruja foi deixada no gramado, com água e até um bife de frango para se alimentar. A penugem clara no topo da cabeça indicava tratar-se de um filhote.
Preocupados com o bem estar do bichinho, os funcionários ligaram no mesmo dia para os bombeiros. “O soldado que nos atendeu indicou a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM)”, lembra o vigilante. Ao contatarem a SMAM, nova recomendação: ligar para o celular do MiniZoo. “Entramos em contato diversas vezes, mas ninguém atendeu.” A demora foi determinante para o destino da coruja.
Na quinta-feira, morador e funcionários do prédio voltaram ao pátio para observar a ave. “Próximo havia um rato morto, mas ao olharmos mais de perto vimos que ela também estava morta”, lembra desapontado o zelador. “Não existe possibilidade de alguém ter feito alguma coisa, pois todo mundo queria que sobrevivesse”, salienta. A foto da máquina digital foi o último registro da coruja.
O que diz a SMAM
O gerente da equipe do MiniZoo, Cleber Josoé Leguissamo, reconhece que há problemas de sinal de celular, na área do Parque do Capão do Corvo. O telefone fixo, também apresenta dificuldades, de acordo com funcionários do parque. No local, um veterinário seria o responsável pelo resgate, mas a demanda não foi recebida.
Leguissamo admite que pode ter havido falha no direcionamento da chamada, após a primeira ligação à SMAM. “A servidora que atendeu deveria ter transferido diretamente para a gente - na diretoria-, não apenas fornecer um número de celular”, ressaltou. Ele lamentou o ocorrido, mas salientou que por ser um filhote, a coruja, por natureza, está mais vulnerável.
Falta de atendimento foi determinante
O veterinário Elisandro Oliveira Santos afirma que o filhote tinha três meses e era da espécie Suindara. “Nessa idade estão aprendendo a voar e caçar junto com os pais, mas é comum elas ficarem pra trás ou se perderem”, ressalta. Mesmo se a coruja já estivesse doente, o socorro por especialistas, teria feito a diferença. “Através de exames de sangue e Raio-X poderíamos avaliar se havia alguma lesão na asa ou outro problema de saúde”, lamenta.
Santos aponta que corujas costumam ter infecções respiratórias, fraturas, mas não descarta morte por envenenamento neste caso. “As aves às vezes sofrem com intoxicações, inclusive por aqueles venenos para matar roedores, já que elas se alimentam desses animais.”
Espécies e cuidados
Além da Suindara ou Coruja das Torres há incidência de Jacurutu, Buraqueira, Mocho orelhudo e Diabo. “Forros, telhados, árvores de praça são os locais preferidos dessas aves”, afirma o veterinário.
As corujas vivem em média 20 anos. O funcionário do MiniZoo não aconselha um contato direto, caso você se depare com uma na sacada. “Ela tem garras muito afiadas, se ela ficar assustada pode até machucar alguém”, adverte.
Crime ambiental
Diz a lei nº 9.605, de 1998: é crime ambiental, matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão. A pena é multa ou detenção: de seis meses a um ano.
Polêmica no Litoral
Em Capão da Canoa, em 2008, a queima de fogos na virada de ano chegou a ser cancelada. Motivo: um ninho de coruja próximo ao local da festa de Réveillon. A intervenção da patrulha ambiental dividiu opiniões. Houve vaias e aplausos. Cerca de 500 mil pessoas estavam na praia aguardando o espetáculo. Desta vez, a natureza prevaleceu.
Resgate de animais
Secretaria Municipal do Meio Ambiente
Contato: 3462-1681 ou 3427-1666 (Diretoria do MiniZoo)
Mini Zoo
Contato: 9864-5996